A menina que roubava livros - Markus Zusak
O livro já traz desde o início um clima tenso, já que é narrado pela morte e, além disso, pior do que ser narrado pela morte, a narrativa se passa em um período histórico mais conturbado ainda, a Segunda Guerra Mundial. Período de pesadelos em forma de gente, chamados nazistas!
A morte, mesmo não sendo a protagonista da história, acompanha todos os passo de Liesel e faz com que tudo se torne muito misterioso, de maneira em que fiquemos com receio em alguns momentos achando que a própria pode vir a falecer em algum momento, mesmo que não haja indícios algum disso, ou sinal algum! Só pelo simples fato de a morte estar narrando a história em um período cruel, com mortes e brutalidades, tudo pode acontecer.
“Quando a morte conta uma história, você tem que parar para ouvi-la”.
Liesel escapa três vezes da Morte, por isso a própria tem interesse na menina, uma “sobrevivente”.
“Na última vez que a vi, estava vermelho. O céu parecia uma sopa, borbulhando e se mexendo. Queimado em alguns lugares. Havia migalhas pretas e pimenta riscando a vermelhidão. (...) Depois, bombas.
Dessa vez, foi tudo tarde demais.
As sirenes. Os gritos malucos no rádio. Tudo muito tarde.
Em minutos, montes de concreto e terra se superpuseram e empilharam. As ruas eram veias rompidas. O sangue escorreu até secar no chão e os cadáveres ficaram presos ali, feito madeira boiando depois da enxurrada.
Estavam colados no chão, até o último deles. Um pacote de almas.”
A garota que chega à casa dos Hubermann (pais adotivos) sem saber ler, mas com um livro, o primeiro livro roubado, que ela encontrou logo depois de sua mãe e ela enterrarem seu irmão: O Manual do coveiro. Mas, sem saber ler, o livro era para Liesel apenas uma lembrança da ultima vez que vira sua mãe e o irmão. Até que Hans encontra o livro, e passa a ensinar a Liesel sobre as palavras. E assim, Liesel se apaixona por elas. E este é apenas o primeiro livro a fazer parte da história dos seus livros roubados.
A história tem muitos momentos de tensão e partes comoventes. Uma delas é quando o Max Vanderburg aparece, um judeu que sofre perseguição e é acolhido pela família Huberman.
Um livro sendo narrado pela morte é formidável! Durante a narrativa, ela tenta nos preparar para sua chegada, deixa claro que está em todos os lugares, sempre pronta para levar aqueles que pertencem a ela. A morte também diz que isso não é de forma alguma culpa dela, pois, nós, humanos, somos responsáveis pelas nossas escolhas, precisamos assumir nossa responsabilidade e não ficar culpando isso ou aquilo.
Ao ler “A menina que roubava livros”, somos movidos por uma narrativa que não é clichê. É uma narrativa com resistência, tristeza, alegria, e ainda… conforto moral.
Para adquirir, clique aqui.
-
Markus Zusak nasceu em 1975, em Sydney, na Austrália. O autor já confessou que algumas das histórias presentes em “A menina que roubava livros” são recordações de infância da mãe. Além de recolher histórias da família, para construir a sua obra-prima, Zusak mergulhou fundo em uma pesquisa sobre o nazismo.