Eu sei por que o pássaro canta na gaiola - Maya Angelou

Eu sei por que o pássaro canta na gaiola - Maya Angelou

Intenso e impactante! Escolhi ler o livro por acaso, mas o acaso não existiu: a leitura foi impactante. Terminei de ler aos prantos.

Eu sei por que o pássaro canta na gaiola relata a infância e adolescência de Maya, especificamente dos 7 aos 16 anos. Batizada de Marguerite Ann Johnson e carinhosamente chamada de Maya, temos uma perspectiva sobre a vida de uma menina negra entre as décadas de 1930 e 1940, que acaba se refletindo na situação de diversas outras crianças negras mesmo período. Por mais que a escravidão já tivesse acabado, o racismo assolava fortemente a população negra colocada à margem pelos brancos, principalmente por meio de leis específicas para as “pessoas de cor”.

Um dos pontos essenciais tratados na narrativa de Maya diz respeito à desestrutura familiar, era comum que os filhos pequenos fossem criados pelas avós e não pelos seus próprios pais. Maya e seu irmão Bailey são abandonados pelos pais e passam por anos sem ter nenhuma notícia deles, e nem sabem ao certo o motivo do abandono. Essas crianças são criadas pela avó paterna e pelo tio avó.

A amizade entre Maya e Bailey É impressionante como Maya se reconstruiu, mesmo com a dor, com a ausência da mãe e com o amor contido da avó, e como soube encontrar algo de bom na atitude dessas duas mulheres tão diferentes e perdoá-las.

“Houve dias nebulosos de não pertencimento para Bailey e para mim. Era ótimo dizer que ficaríamos com nossos pais, mas, afinal, quem eram eles? Seriam mais severos com nossas travessuras do que ela [a avó paterna]? Isso seria ruim. Ou mais tranquilos? Isso seria ainda pior. Nós aprenderíamos a falar aquela língua veloz?”

Os irmãos passam por uma educação rigorosa nas mãos da avó e do tio Willie, enquanto dividem seu tempo na igreja para negros, na escola para negros, e no mercado de propriedade da avó, que tem o respeito da população local e uma condição financeira razoável.

“Momma pretendia ensinar a Bailey e a mim a usar os caminhos da vida que ela e a geração dela e todos os Negros anteriores encontraram e achavam seguros. Ela não gostava da ideia de que se podia falar com os brancos sem botar a vida em risco. E sem dúvida não se podia falar com eles com insolência.”

A obra aborda assuntos pesados como a violência, o racismo, segregação, estupro e abandono. Contada pelos olhos de uma criança, utilizando o recurso poético da simplicidade do ponto de vista infantil, ao mesmo tempo impactante, nos dá vários socos no estômago.

A história é linda, triste, impressionante, fluida e cheia de dor; mas a leitura do livro nos deixa em pedaços. Impossível não sentir a dor de Maya. Também é uma aula de sobrevivência, persistência e autoconhecimento.

É impressionante a facilidade que Maya tem em rememorar as vivências mais antigas de sua infância.

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Eu sei por que o pássaro canta na gaiola, um dos livros autobiográficos de Maya Angelou que é a voz de “seu povo”, como ela dizia. Ela tem raízes muito profundas com a cultura norte-americana, viveu a segregação, o racismo, o abuso psicológico e sexual como mulher Negra.

Maya Angelou, nome original Marguerite Annie Johnson, (nascida em 4 de abril de 1928, St. Louis, Missouri, EUA—falecido em 28 de maio de 2014, Winston-Salem, Carolina do Norte), poeta, memorial e atriz americana cujos vários volumes de autobiografia exploram os temas da opressão econômica, racial e sexual.