O caçador de pipas - Khaled Hosseini

O caçador de pipas - Khaled Hosseini

O caçador de pipas se apresenta no Afeganistão e nos Estados Unidos, da década de 1970. O trabalho se tornou uma das maiores publicações do mundo desde o seu lançamento e a leitura é tão envolvente que fica difícil escrever todos os elogios que a narrativa merece.

A história se divide em três partes: os momentos de infância do protagonista Amir no Afeganistão, antes da chegada do Talibã; seu refúgio nos Estados Unidos por causa do conflito; e seu retorno ao seu país de origem por razões de um compromisso passado.

A primeira parte da narrativa é marcada por um evento que aflige Amir da pior maneira possível: durante um campeonato de pipas, Amir perde a chance de defender Hassan, num episódio que marca a vida dos dois amigos para sempre. Seu melhor amigo, Hassan, é submetido a uma situação que o destrói. Por não conseguir superar a ideia de que ele permitiu que algo assim acontecesse com alguém tão próximo, Amir começa a renegá-lo.

“Poderia ter sido diferente se eu tivesse dito algo então. Mas eu não fiz.
[...] Eu descobri que o que eles dizem sobre o passado não é verdade, essa história que podemos enterrá-la. Porque, de uma forma ou de outra, ele consegue escapar.”

A fuga de Amir para os EUA compõe a segunda parte da história. Ele deixa para trás a guerra, Hassan e seus fracassos. Dessa forma, ele pretende começar uma nova vida.

A forma como o autor desenvolve a personalidade do protagonista é impressionante; as falhas, os traços ruins, nos fazem inclinados a rejeitá-lo, mas simpatizamos com o garoto - por pena, não por empatia. E esse sentimento acompanha toda a narrativa até o momento final: o retorno de Amir ao Afeganistão.

Ele finalmente procura resolver seus antigos fracassos, e isso “compensa” todo o mal que ele não relatou. Seu arco de desenvolvimento se completa de uma maneira surpreendente que toca até mesmo os corações mais difíceis, e somos finalmente capazes de perdoá-lo. A busca por justiça e realização dá coragem ao protagonista e o torna mais humano.

É um livro intenso e de leitura dura. Nos deparamos com situações muito longe da nossa realidade e isso nos tira do chão.

“Ela disse:
- Estou com tanto medo...
E eu perguntei:
- Por quê?
Então ela respondeu:
“Porque estou me sentindo profundamente feliz, Dr. Rasul. E essa felicidade é assustadora.
Perguntei por que de novo, e ela continuou:
"Eles só permitem que alguém seja tão feliz se estiver se preparando para tirar algo deles."

É um livro que aborda sobre assuntos pesados como abuso sexual e segregação - Hassan era de uma classe inferior a do amigo Amir; guerra e Talibã. O autor, Khaled Hosseini, mostra com maestria ambos os lados da sociedade do Afeganistão, a obra nos leva em cenários e situações tensas que nos deixa abalados.

A obra é emocionante, carregada de sentimentalismo. Não é um livro com um final triste e nem feliz, mas finalizamos a leitura emocionados com algo mais realista e condizente com a realidade apresentada no decorrer do enredo.

A leitura nos permite viajar pela cultura afegã, vendo o valor da amizade, o arrependimento e culpa que corrói o psicológico; e nos faz refletir sobre cada ação que cometemos e como farão influência no nosso futuro e de todos que nos rodeiam.

O caçador de pipas é único, comovente e humano.

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Khaled Hosseini é um dos romancistas mais lidos de todo o mundo. Nasceu em Cabul, filho de uma professora e um diplomata e, por isso, mudou-se muitas vezes para outros países quando criança. Até que, em 1980, quando a família preparava-se para retornar à vida na capital do Afeganistão, o país sofreu um golpe de Estado e Khaled foi obrigado ao exílio nos Estados Unidos, onde vive até hoje.