O menino da lista de Schindler - Leon Leyson com Marilyn J. Harran e Elisabeth B. Leyson

O menino da lista de Schindler - Leon Leyson com Marilyn J. Harran e Elisabeth B. Leyson

Eu sempre gostei de ler coisas sobre a Segunda Guerra Mundial. Não gosto de nada que aconteceu, é um assunto pesado e uma mancha da nossa história. Algo que nunca deveria ter acontecido. Brigas, mortes e guerras nunca nos levarão a lugar algum. Mas eu gosto de ler sobre as pessoas que sobreviveram tamanha atrocidade. Foram corajosas e resistentes.

Já li muitos livros sobre o Holocausto. Chorei em todos e fiquei dias refletindo como o ser humano foi capaz de provocar tanta dor. Ao ler “O menino da lista de Schindler” não foi diferente. Chorei com a história, com o relato, com as lembranças de alguém que sobreviveu um período sombrio.

O livro é uma autobiografia de Leib Lejzon - batizado como Leon Leyson. Um dos mais comoventes relatos sobre o Holocausto que já li.

“Sou um sobrevivente improvável do Holocausto. Tudo pesava contra mim e praticamente nada contava a meu favor.”

Leon era uma criança, apaixonada pela vida e sempre em busca de uma nova aventura. Ele vivia com seus irmãos e pais no interior, mas seu pai, graças a profissão, conseguira uma promoção para uma cidade grande e, após algum tempo, eles se mudaram para lá. A época era próspera e as coisas iam bem até começar a guerra.

“Meus pais já tinham vivenciado uma guerra - a Grande Primeira Guerra de 1914 a 1928. Antes de 1939, ninguém pensava nela como a Primeira Guerra Mundial.”

A partir do momento em que Hitler e seus aliados chegaram à Polônia, a vida dos judeus foi mudando pouco a pouco. Inicialmente foram proibidos de frequentar alguns lugares, como parques e escolas, e de usarem bondes para se locomover (um dos transportes públicos mais utilizados na época). Os alemães passaram a saquear estabelecimentos comerciais e apartamentos. Até aqui, parece só mais uma história de um sobrevivente. Mas não é. A cada página de leitura, sentimos uma agonia pelos acontecimentos que Leon descreve.

Leon e sua família, judeus, foram atingidos por todas as coisas impostas por Hitler, até que seu pai começou a prestar serviço para Oskar Schindler, um nazista inteligente, ambicioso e acima de tudo humano que, curiosamente, não tratava os judeus com atrocidades - ao contrário, os protegia.

Mesmo com a proteção de Schindler, a família não foi poupada, eles moravam no Gueto e lá passaram fome e frio junto com muitos judeus. No Gueto as condições de vida eram deploráveis. Sempre que seu pai chegava do trabalho, Leon torcia para que houvesse alguma comida nos bolsos do casaco dele. Nem sempre tinha, lamentavelmente.

A leitura nos deixa com o coração na mão, todos os acontecimentos foram reais e eles são dolorosos. Tudo o que envolve a Segunda Guerra Mundial é pesado e frio. Os relatos são de dor, tristeza, perdas, fome, mortes, miséria, atrocidades. Difícil entender como um ser humano foi capaz de disseminar tanta crueldade.

“Uma parte central do plano de Hitler era a marginalização dos judeus, fazendo de nós “o outro”. Ele culpava o povo judaico pelos problemas da Alemanha, passados e presentes, desde a derrota na Grande Guerra à depressão econômica pela qual o país passava.”

Na autobiografia, Leon relata sua vida antes e depois da guerra. Mesmo após a queda da Alemanha, os judeus sobreviventes seguiam sofrendo represálias, incluindo acusações falsas e absurdas de sequestro de crianças. Demorou diversos anos para que Leon e sua família pudessem realmente viver em paz, sem risco de serem espancados a qualquer momento enquanto estivessem caminhando pela rua.

A violência abordada na obra é extrema e explícita. A dor, a angústia, o descaso, a aflição, o perigo, o desespero, a humilhação e tantos outros sentimentos é quase palpável. A luta pela sobrevivência é real.

“Ouvi um tiro e logo depois outro. Senti uma bala passar zunindo ao lado da minha orelha; ela perfurou o muro atrás de mim.”

Mesmo sendo uma história triste e arrasadora, Leon nos conforta com sua coragem e nos emociona com sua generosidade, não comia um pedaço de pão sem dividir com sua mãe. Mesmo no meio de um caos, Leon não perdeu sua essência, benevolência e esperança de viver dias melhores. Me faz pensar como somos ingratos hoje em dia, temos tanto e não valorizamos a vida.

Mesmo perdendo membros da família e amigos, Leon saiu da guerra com seu bom coração. Não quis vingança. A resiliência fez parte de sua vida em todo tempo. Ele seguiu em frente. Mudou-se para os Estados Unidos e deixou para trás os dias sombrios - é claro, nunca apagados de sua memória.

Não há dúvidas de que a esperança não pode morrer e que Leon e Schindler fizeram história e deixaram um legado.

“Quem salva uma vida, salva o mundo”.

A história mostra que a coragem dos judeus, que não perderam as esperanças até o último minuto desse trágico capítulo de nossa história e a pessoa de Oskar Schindler, alemão, ariano, que tinha tudo para ser um monstro como tantos outros, mas que escolheu arriscar sua vida para salvar outras vidas.

O Menino da lista de Schindler é um diário e um lembrete de tudo que foi feito e que jamais deve ser repetido. A leitura é dolorosa, forte é necessária. Com Leon aprendemos a importância de nos mantermos unidos a quem amamos, a ter fé e nunca desistir de lutar. O amor, a esperança, a resiliência e a coragem tem poder sobre os homens!

Para adquirir, clique aqui.

                -

Leon Leyson (1929-2013), de seu verdadeiro nome Leib Lezjon, nasceu a 15 de setembro de 1929, em Narewka, uma cidade a nordeste de Varsóvia. Após a Segunda Guerra Mundial, passou três anos num campo de refugiados perto de Frankfurt, na Alemanha. Partiu para os Estados Unidos em 1949, onde se radicou. Alistou-se no Exército durante a Guerra da Coreia e mais tarde tornou-se professor de artes industriais no ensino secundário em Hunting Park, na Califórnia, profissão que exerceu durante 39 anos. Foi distinguido pela Universidade Chapman pelo seu trabalho de educador e na sua qualidade de testemunha do Holocausto. Faleceu no início de 2013, um dia depois de entregar o manuscrito final deste livro.