O menino do pijama listrado - John Boyne
Sem dúvidas, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi um dos períodos mais sombrios do século XX. Tudo o que envolve esse período histórico tem uma atmosfera carregada. Foi diferente com a obra de John Boyne que, com proeza, retrata a amizade de dois meninos de forma leve e sensível em meio ao caos. É assim que podemos definir “O menino do pijama listrado” leveza em meio ao turbilhão.
Bruno é um menino de nove anos que se vê obrigado a abandonar sua casa em Berlim para ir morar em um lugar estranho onde não tem nenhum amigo. Ele não sabe nada sobre o que está acontecendo em seu país. Ele vê o movimento de soldados de um lado para o outro, mas tudo que sabe é que seu pai, um comandante alemão, tem um trabalho muito importante envolvendo centenas de pessoas vestindo pijamas listrados que moram do outro lado de uma cerca.
A história nos envolve quando Bruno conhece Shmuel, um garoto que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele, que vive do outro lado da cerca. A amizade dos dois cresce a cada dia conforme o ambiente a sua volta vai ficando mais hostil.
A narrativa de acompanha a visão ingênua dos meninos, o que suaviza as palavras mesmo que seus significados fiquem subentendidos. De um lado, temos Bruno que não sabe qual é o trabalho do pai, realmente. E que vê a vida de Shmuel como boa.
“Eu nem mesmo gosto de listras’, disse Bruno, embora aquilo não fosse verdade. De fato ele gostava de listras e estava cada vez mais farto de ter que usar calças e camisas e gravatas e sapatos que eram pequenos demais para ele, enquanto Shmuel e seus amigos podiam ficar de pijamas listrados o dia inteiro.”
Do outro lado, temos Shmuel que não entende porque ele e seus familiares estão presos e são mal tratados pelos nazistas.
A amizade entre os meninos se fortaleceu e os dois conversavam e brincavam cada um do seu lado da cerca. Bruno sempre levava alguma comida para seu amigo, porque ele passava fome no campo de concentração.
Bruno percebe Shmuel como um igual, apesar da cerca que os separa e das condições de vida completamente distintas. Embora o seu cotidiano seja marcado por uma família presente e uma situação financeira confortável, - condição absolutamente impensável para Shmuel - eles se tratam com igualdade, respeito e compreensão, acima de tudo.
Shmuel um dia se desespera por não ter notícias do pai e, para ajudar o garoto, Bruno veste um pijama listrado e consegue entrar no campo de concentração. A partir daí as coisas ficam tensas e Bruno nunca mais consegue sair.
Talvez a lição que fica ao lermos a obra é que é possível poupar a inocência das crianças mesmo quando os tempos são sombrios. E que verdadeiras amizades não se deixam abalar por obstáculos, sejam eles físicos, políticos ou ideológicos.
Embora o autor tenha abordado um assunto tão tenso é pesado com leveza, é impossível ler essa grande obra sem chorar, dado que não se espera o desfecho, o que torna este leve livro ainda mais impactante.
Para adquirir, clique aqui.
-
O menino do pijama listrado é uma das obras mais conhecidas de John Boyne, o romancista irlandês responsável por escrever algumas histórias fascinantes sobre assuntos delicados.
Estudou língua inglesa no Trinity College, e Literatura Criativa na Universidade de East Anglia, onde foi galardoado com o prêmio Curtis Brown.